Guardei a entrevista do Dr. Manuel Francisco Costa ao Diário Insular de 10 de Maio último, que mão amiga me faz chegar aqui a Lisboa via email…
O sub-título deste modesto escrito é de lá extraído e com o devido respeito o registo.
Em tempos, há tanto tempo e só agora o refiro, terei contribuído minimamente para que o Dr. Manuel Francisco Costa fosse nomeado Director do Museu do Pico (entidade administrativa) – que integra as três valências Museológicas da ilha: Museu dos Baleeiros - Lajes; Museu da Industria Baleeira – São Roque e Museu do Vinho – Madalena – e isto aquando da substituição do anterior director Dr. Francisco Medeiros.
Tem o valor que tem esta referência, mas essa minha pequena participação, em fase inicial, só me veio dar razão: a sua acção dinâmica e acertiva (prudente) no exercício desse cargo, tem merecido os maiores encómios dos mais variados quadrantes da cultura regional e da nossa diáspora açoriana.
Ao longo da entrevista, considera que “a instituição melhorou e está mais adaptada às exigências e desafios da vida cultural contemporânea, mas que ainda há muito que fazer” e realça a recente dádiva ao Museu dos Baleeiros por parte da família do Sr. Professor Manuel Moniz Bettencourt “dum valioso e diversificado acervo documental, respeitante à história da actividade baleeira no concelho das Lajes do Pico, designadamente sobre as Armações Baleeiras das Lajes do Pico e sobre a Fábrica da Baleia SIBIL (Sociedade da Industria Baleeira Insular L.da – de que era proprietário maioritário o Sr. Joaquim Brum, sendo meu pai, Ermelindo Ávila, seu procurador); fazendo parte desse histórico espólio “livros de receitas e despesas das Armações Baleeiras, livros de contas da Parceria dos Armadores Baleeiros do Sul do Pico (…) e documentação vária das sociedades Baleeiras antigas: a “Felicidade”, a “Nova” e a “União” e plantas da Fábrica Baleeira da SIBIL, das Lajes” e adianta ainda: “pela sua dimensão, riqueza e importância, esta documentação revelar-se-á um contributo absolutamente relevante para o estudo e a divulgação científica em torno da actividade baleeira neste concelho, nesta ilha e nos Açores.”
Muitas outras facetas da sua actividade no Museu dos Baleeiros perpassam ao longo da entrevista, mas concluímos a citação com este último excerto: “… entre muitas outras iniciativas de preservação memorial e documental, digitalizámos toda a documentação baleeira na posse das Delegações Marítimas de São Roque e das Lajes do Pico. Mais de 24.000 documentos que vão do último quartel do século XIX até aos anos oitenta do século XX, altura em que a baleação terminou nos Açores. Um acervo documental absolutamente estratégico e vital para a produção de uma verdadeira e especializada história da baleação no nosso Arquipélago. Gravámos entrevistas com alguns baleeiros e operários fabris. Documentámos a construção naval de botes baleeiros açorianos e lanchas de reboque. Estamos atentos a tudo o que constitua um reforço documental da cultura da baleação. Estimulámos, sempre que possível, a produção de trabalhos científicos, documentais e artísticos em torno desta problemática cultural e patrimonial.” (fim de citação)
Pois é, caros leitores, é esta a sensibilidade – às vezes escondida e pouco conhecida – do actual director do Museu do Pico, Dr. Manuel Francisco Costa e talvez também por que esta acção é contínua e profícua que, diria quase que desde que existe – o Museu dos Baleeiros prima por ser o mais visitado da Região.
Andamos por aí e ouvimos opiniões, mas sobre a nossa cultura vão minguando os que, com a propósito e na actualidade se pronunciem sobre estas relevantes facetas da nossa cultura picoense.
Atrevo-me a afirmar que seria prestigiante para a nossa ilha, ter uma voz acutilante e abrangente na nova Assembleia Legislativa dos Açores, como a do Dr. Manuel Francisco Costa, a representar os eleitores do Pico, mas isso são outras “contas”…
Voltar para Crónicas e Artigos |